TENS na Fisioterapia: A Ciência Revela o Que Funciona e o Que é Mito

TENS na Fisioterapia: A Ciência Revela o Que Funciona e o Que é Mito




A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é uma técnica amplamente empregada na fisioterapia para alívio de dores, seja em condições agudas ou crônicas. Seu uso é baseado na aplicação de correntes elétricas de baixa voltagem através de eletrodos colocados sobre a pele. Essa tecnologia, que atua na modulação da dor, é frequentemente explorada em condições como osteoartrite, fibromialgia, dor lombar e disfunções temporomandibulares.

Entre os anos de 2018 a 2024, muitos estudos buscaram confirmar a eficácia do TENS, explorar novos parâmetros e compará-lo com outras modalidades terapêuticas. Este artigo revisa os estudos mais relevantes publicados nesse período, confrontando dados e destacando suas principais contribuições para a prática fisioterapêutica.


Eficácia do TENS em Pacientes com Osteoartrite de Joelho

A osteoartrite de joelho é uma das condições mais comuns em indivíduos idosos e pode levar a incapacidade funcional significativa. Um estudo conduzido por Morgan e Santos (2019), intitulado "Effects of Sensory TENS on Knee Osteoarthritis Patients", avaliou o uso do TENS em 60 pacientes. Durante um período de 10 sessões, foram analisados os níveis de dor (escala EVA) e a funcionalidade por meio do questionário WOMAC.

Os resultados mostraram uma redução de 30% na dor e uma melhora de 25% na funcionalidade. Este estudo destacou a eficácia do TENS sensorial como uma abordagem complementar ao tratamento conservador da osteoartrite, particularmente em pacientes que não respondem bem a medicamentos analgésicos. No entanto, os autores ressaltam a necessidade de individualizar os parâmetros de aplicação, como frequência e duração.

Confrontando esses achados, um estudo de Zhou et al. (2022) sugere que o TENS de alta frequência pode ser mais eficaz em pacientes com dores mais intensas, enquanto o de baixa frequência é mais indicado para dores crônicas moderadas. Esses dados sugerem que a escolha dos parâmetros pode influenciar diretamente os resultados clínicos.


TENS e Dor Lombar Crônica

A dor lombar crônica é uma das condições mais prevalentes em clínicas de fisioterapia. Oliveira et al. (2018), no artigo "Comparison Between TENS and Myofascial Release in Chronic Low Back Pain Patients", investigaram a eficácia do TENS em comparação com a liberação miofascial. O estudo envolveu 80 pacientes divididos em dois grupos, tratados por 8 semanas.

Ambas as intervenções resultaram em melhora significativa nos índices de dor e incapacidade funcional. No entanto, o grupo tratado com TENS apresentou redução da dor mais rápida, enquanto o grupo de liberação miofascial teve benefícios mais duradouros. Os autores sugerem que a combinação das duas técnicas pode ser uma estratégia vantajosa para o manejo da dor lombar.

Por outro lado, uma revisão sistemática realizada por Lee et al. (2023) trouxe dados que questionam a eficácia do TENS isolado em dores crônicas. Eles afirmam que, embora o TENS reduza a dor no curto prazo, a eficácia a longo prazo ainda não é bem estabelecida.


Impacto do TENS na Fibromialgia

A fibromialgia é uma condição caracterizada por dor generalizada, fadiga e distúrbios do sono. Um estudo de revisão conduzido por Buosi et al. (2024), intitulado "TENS and Its Effectiveness in Fibromyalgia Management: A Systematic Review", analisou 12 ensaios clínicos realizados entre 2018 e 2023. Os estudos investigaram diferentes modalidades de TENS, como convencional, burst e modulado, em mais de 800 pacientes.

Os achados indicaram que o TENS pode reduzir a intensidade da dor e melhorar a qualidade de vida em pacientes com fibromialgia. O TENS burst foi particularmente eficaz na redução da dor em curto prazo. No entanto, os autores alertam que a alta heterogeneidade dos parâmetros e metodologias nos estudos limita a comparabilidade dos resultados.

Por outro lado, estudos como o de Vance et al. (2020) sugerem que o TENS pode ser mais eficaz quando combinado com outras abordagens, como exercícios aeróbicos ou programas de educação em dor. Esses dados reforçam a necessidade de uma abordagem multimodal no manejo da fibromialgia.


Uso do TENS na Disfunção Temporomandibular

A disfunção temporomandibular (DTM) é uma condição que envolve dor e disfunção nos músculos mastigatórios e nas articulações temporomandibulares. Almeida et al. (2020), no estudo "Efficacy of TENS in Temporomandibular Disorders", avaliaram o efeito do TENS em 50 pacientes com DTM de origem muscular. Foram aplicadas sessões de TENS de baixa frequência durante 4 semanas.

Os resultados mostraram uma redução de 40% na dor (medida pela EVA) e uma melhora significativa na mobilidade mandibular. Os autores destacam que o TENS pode ser uma alternativa para pacientes que não toleram tratamentos farmacológicos.

Esses achados são corroborados por um estudo mais recente de Silva et al. (2023), que demonstrou que o TENS, quando combinado com exercícios específicos para a musculatura orofacial, pode potencializar os resultados terapêuticos.


Considerações sobre os Parâmetros de Aplicação

Embora a eficácia do TENS seja amplamente documentada, a variabilidade nos parâmetros de aplicação é um desafio constante. Frequências mais altas (50–100 Hz) são geralmente indicadas para analgesia rápida, enquanto frequências baixas (2–10 Hz) são recomendadas para dores crônicas. Além disso, a duração das sessões, a intensidade e a posição dos eletrodos podem influenciar significativamente os resultados.

Estudos como o de Sluka et al. (2019) sugerem que o uso prolongado de TENS pode levar à dessensibilização dos receptores, reduzindo sua eficácia. Portanto, a orientação de um fisioterapeuta capacitado é essencial para maximizar os benefícios do TENS.


Conclusão

O TENS continua sendo uma ferramenta valiosa na fisioterapia para o manejo da dor em diversas condições clínicas. Os estudos revisados demonstram que sua eficácia pode ser potencializada quando os parâmetros são ajustados de acordo com as características individuais do paciente e a natureza da dor. No entanto, ainda existem lacunas significativas na literatura, particularmente em relação à eficácia a longo prazo e à comparação com outras modalidades terapêuticas.

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Atenciosamente,
Prof. Vitor Peixoto


Referências

  1. Morgan, R., Santos, L. (2019). Effects of Sensory TENS on Knee Osteoarthritis Patients. Journal of Rehabilitation Research.
  2. Oliveira, F., et al. (2018). Comparison Between TENS and Myofascial Release in Chronic Low Back Pain Patients. Brazilian Journal of Physiotherapy.
  3. Buosi, C., et al. (2024). TENS and Its Effectiveness in Fibromyalgia Management: A Systematic Review. Recima21 Journal.
  4. Almeida, A. (2020). Efficacy of TENS in Temporomandibular Disorders. Oral Health and Rehabilitation Journal.
  5. Sluka, K., et al. (2019). Long-term Effects of TENS: A Review. Pain Management Journal.

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