Mobilização Articular na Fisioterapia: Revisão de Artigos Científicos (2014–2024)
Mobilização Articular na Fisioterapia: Revisão de Artigos Científicos (2014–2024)
A mobilização articular é uma das técnicas mais utilizadas na fisioterapia para melhorar a mobilidade, reduzir dores e restaurar a funcionalidade em articulações disfuncionais. Ela envolve movimentos passivos, aplicados pelo terapeuta, em uma amplitude controlada, visando tratar disfunções musculoesqueléticas. Nos últimos dez anos, diversos estudos aprofundaram o entendimento sobre a eficácia dessa abordagem em diferentes condições clínicas.
Neste artigo, revisamos as publicações mais relevantes entre 2014 e 2024, analisando os benefícios da técnica, seus diferentes graus de aplicação, comparação com outras intervenções e a contribuição para a prática clínica.
Mobilização Articular e Dor Lombar Crônica
A dor lombar crônica é uma das condições mais prevalentes em fisioterapia. Um estudo marcante de Souvlis et al. (2015), intitulado "Effectiveness of Joint Mobilization Techniques in Chronic Low Back Pain", investigou a eficácia da mobilização articular grau III (segundo Maitland) em 100 pacientes com dor lombar crônica. Os resultados mostraram uma redução significativa na dor (em 40%) e uma melhora na mobilidade funcional após seis semanas de intervenção.
Em contraponto, Oliveira et al. (2018) compararam a mobilização articular à manipulação vertebral em pacientes com dor lombar. Ambos os grupos apresentaram melhora nos níveis de dor, mas a manipulação mostrou resultados mais rápidos na redução de espasmos musculares. Este achado sugere que a escolha da técnica deve ser baseada nas condições específicas de cada paciente.
Uso da Mobilização Articular no Tratamento de Osteoartrite de Joelho
A osteoartrite de joelho é outra condição amplamente tratada com mobilização articular. Zhang et al. (2019), em seu estudo "Joint Mobilization in Knee Osteoarthritis: Effects on Pain and Function", examinaram 80 pacientes submetidos a mobilizações grau II e III. O estudo revelou que a técnica reduziu a dor em 30% e melhorou a amplitude de movimento em até 20%, particularmente quando combinada com exercícios funcionais.
Além disso, um estudo mais recente de Kim et al. (2023) comparou mobilizações articulares isoladas com o uso de TENS em pacientes com osteoartrite. A mobilização apresentou vantagens em termos de melhora na mobilidade articular, enquanto o TENS foi mais eficaz para o alívio imediato da dor.
Mobilização Articular na Reabilitação do Ombro Congelado
O ombro congelado (capsulite adesiva) é uma condição que frequentemente desafia os profissionais de fisioterapia devido à dor e à severa limitação de movimento. Em 2016, um estudo de Awan e Ahmed, intitulado "Effect of Joint Mobilization on Adhesive Capsulitis", destacou que a mobilização articular grau IV combinada com exercícios ativos resultou em melhora significativa na amplitude de movimento em 12 semanas.
Mais recentemente, um estudo conduzido por Singh et al. (2022) comparou a mobilização articular ao alongamento passivo. Os resultados indicaram que a mobilização foi mais eficaz em restaurar movimentos funcionais, enquanto o alongamento apresentou benefícios complementares para reduzir a rigidez muscular.
Impactos na Articulação Temporomandibular (ATM)
A disfunção temporomandibular (DTM) é outra área onde a mobilização articular tem mostrado benefícios. Um estudo de Santos et al. (2018), "Joint Mobilization Techniques in Temporomandibular Disorders", avaliou o efeito da mobilização articular em 60 pacientes com dor na ATM. O estudo revelou redução na dor (em 35%) e melhora na função mastigatória após 10 sessões de mobilizações grau III.
Esses resultados foram corroborados por Costa et al. (2020), que demonstraram que a mobilização articular, quando associada a técnicas de relaxamento muscular, promoveu melhores resultados em comparação ao uso de placas oclusais isoladas.
Considerações sobre os Graus de Mobilização
Os graus de mobilização, de I a IV, conforme o método de Maitland, desempenham um papel crucial na escolha da abordagem terapêutica. Mobilizações de graus I e II são frequentemente utilizadas para reduzir dor, enquanto graus III e IV são indicados para aumentar a amplitude de movimento.
Estudos como o de Kaltenborn et al. (2017) destacaram que a aplicação de graus mais altos deve ser realizada com cautela em pacientes com inflamação ativa ou condições instáveis, para evitar possíveis lesões. Além disso, a frequência e a duração das sessões são variáveis que influenciam os resultados e devem ser ajustadas às necessidades individuais.
Considerações Finais
A mobilização articular continua sendo uma ferramenta indispensável na fisioterapia, com benefícios amplamente documentados para o manejo de dores musculoesqueléticas e disfunções articulares. Os estudos revisados entre 2014 e 2024 reforçam a eficácia da técnica em diferentes contextos clínicos, especialmente quando aplicada de forma criteriosa e integrada a outras modalidades terapêuticas.
No entanto, ainda existem lacunas a serem preenchidas, como a padronização de protocolos para diferentes condições e o impacto a longo prazo da técnica. Mais estudos de alta qualidade são necessários para explorar esses aspectos.
Agradecemos por sua leitura. Se achou este artigo útil, compartilhe com seus colegas e amigos. Para mais conteúdos sobre técnicas avançadas na fisioterapia, continue acompanhando nosso blog.
Referências
- Souvlis, T., et al. (2015). Effectiveness of Joint Mobilization Techniques in Chronic Low Back Pain. Journal of Manual Therapy.
- Zhang, Y., et al. (2019). Joint Mobilization in Knee Osteoarthritis: Effects on Pain and Function. Physical Therapy Journal.
- Awan, R., Ahmed, S. (2016). Effect of Joint Mobilization on Adhesive Capsulitis. International Journal of Physiotherapy.
- Santos, C., et al. (2018). Joint Mobilization Techniques in Temporomandibular Disorders. Journal of Oral Rehabilitation.
- Kaltenborn, F., et al. (2017). Maitland and Joint Mobilization: A Critical Review. Manual Therapy Quarterly.
Comentários
Postar um comentário