Fratura do Colo do Fêmur: Tratamento Fisioterapêutico e Protocolo Detalhado

Fratura do Colo do Fêmur: Tratamento Fisioterapêutico e Protocolo Detalhado




A fratura do colo do fêmur é uma das lesões ortopédicas mais comuns, especialmente em idosos. Por sua relevância, este artigo vai abordar o conceito dessa fratura, as suas causas e, principalmente, o papel da fisioterapia no processo de reabilitação, com destaque para um protocolo detalhado que pode ser aplicado em diferentes fases do tratamento.


O que é a Fratura do Colo do Fêmur?

A fratura do colo do fêmur é uma lesão que ocorre na região entre a cabeça femoral e o eixo principal do osso. Essa área é crítica, pois recebe menos irrigação sanguínea, o que pode dificultar a recuperação.

Embora possa ocorrer em pessoas mais jovens devido a traumas de alta energia, como acidentes, essa fratura é mais frequente em idosos por conta de fatores como:

  • Osteoporose: reduz a densidade óssea, tornando o osso mais frágil.
  • Quedas: eventos comuns na terceira idade, especialmente em pessoas com instabilidade postural.
  • Doenças crônicas: como artrite ou diabetes, que comprometem a saúde óssea e muscular.

Tratamento Inicial e Intervenção Cirúrgica

Na maioria dos casos, o tratamento envolve intervenção cirúrgica, que pode ser feita por:

  1. Fixação interna: uso de parafusos ou placas para estabilizar o osso.
  2. Artroplastia parcial ou total: substituição da articulação por uma prótese.

A cirurgia é apenas o primeiro passo. O sucesso da recuperação depende diretamente de um programa de fisioterapia bem estruturado.


O Papel da Fisioterapia na Reabilitação

A fisioterapia é essencial para restaurar a mobilidade, reduzir a dor, prevenir complicações e promover a qualidade de vida do paciente. Abaixo, apresento um protocolo detalhado que pode ser utilizado como referência:


Protocolo Fisioterapêutico para Fratura do Colo do Fêmur

1ª Fase: Pós-operatório imediato (0 a 7 dias)
  • Objetivos:

    • Reduzir dor e inflamação.
    • Prevenir trombose e complicações pulmonares.
    • Iniciar ativação muscular leve.
  • Intervenções:

    • Mobilização passiva assistida: para prevenir rigidez articular.
    • Exercícios de respiração profunda: melhorar a oxigenação.
    • Movimentos ativos isométricos: quadríceps e glúteos para manutenção da força muscular.
    • Elevação de membros inferiores com apoio: estimular a circulação venosa.

2ª Fase: Reabilitação precoce (2 a 6 semanas)
  • Objetivos:

    • Melhorar a amplitude de movimento.
    • Reforçar a musculatura estabilizadora.
    • Incentivar a deambulação com auxílio.
  • Intervenções:

    • Cinesioterapia ativa assistida: focando na articulação do quadril e joelho.
    • Uso de dispositivos auxiliares: como andador ou muletas.
    • Treinamento de equilíbrio estático e dinâmico: em superfícies seguras.
    • Hidroterapia (se disponível): para realizar exercícios com menor impacto.

3ª Fase: Reabilitação avançada (7 a 12 semanas)
  • Objetivos:

    • Restaurar a função normal do membro inferior.
    • Reeducar a marcha.
    • Fortalecer o core e os músculos do quadril.
  • Intervenções:

    • Exercícios resistidos: com elásticos ou pesos leves, focando quadríceps, isquiotibiais e glúteos.
    • Treinamento proprioceptivo: uso de plataformas instáveis para melhorar a coordenação.
    • Marcha em terrenos irregulares: simulando situações do dia a dia.

4ª Fase: Retorno à funcionalidade plena (3 a 6 meses)
  • Objetivos:

    • Reintroduzir atividades de impacto leve.
    • Garantir autonomia total do paciente.
    • Prevenir novas quedas.
  • Intervenções:

    • Exercícios funcionais: subir escadas, agachamentos leves.
    • Treinamento cardiovascular: caminhadas prolongadas, bicicleta ergométrica.
    • Prevenção de quedas: simulações de reações posturais rápidas.

Cuidados e Dicas Extras

  • Adesão ao programa: a continuidade do tratamento é essencial para alcançar resultados.
  • Equipe multidisciplinar: nutricionistas e médicos podem atuar em conjunto para corrigir déficits de cálcio e vitamina D.
  • Suporte emocional: o paciente idoso, em especial, pode enfrentar desafios psicológicos, como medo de cair novamente.

Conclusão

A reabilitação de uma fratura do colo do fêmur é um processo desafiador, mas com um protocolo fisioterapêutico bem estruturado, como o descrito acima, é possível garantir uma recuperação funcional e a retomada da qualidade de vida. Esse trabalho demanda empenho, tanto do profissional quanto do paciente, e reforça a importância da fisioterapia na ortopedia.

Prof. Vitor Peixoto
Fisioterapeuta e Educador

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