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Ventosa Terapia e Seus Efeitos no Sistema Muscular: Revisão de Estudos Científicos (2014–2024)
A ventosa terapia, também conhecida como "cupping therapy", é uma técnica tradicional que ganhou popularidade nas últimas décadas, especialmente no contexto esportivo e terapêutico. Esse método, que utiliza ventosas para criar sucção na pele, tem sido amplamente utilizado para promover alívio da dor, reduzir tensões musculares e acelerar a recuperação pós-exercício. Este artigo revisa os estudos mais relevantes publicados entre 2014 e 2024, explorando seus efeitos no sistema muscular e confrontando as evidências científicas.
Princípios da Ventosa Terapia
A ventosa terapia envolve a aplicação de copos (ventosas) em áreas específicas da pele, criando pressão negativa que aumenta o fluxo sanguíneo e linfático local (LAI et al., 2016). O objetivo principal é aliviar tensões musculares, melhorar a flexibilidade e promover o bem-estar geral.
Segundo Teut et al. (2017), a técnica pode ser classificada como ventosa seca, que apenas suga a pele, ou ventosa úmida, que inclui pequenas incisões na pele antes da aplicação. No contexto muscular, a ventosa seca é a mais frequentemente utilizada devido à sua segurança e praticidade.
Alívio da Dor Muscular
Um dos principais benefícios atribuídos à ventosa terapia é a redução da dor muscular. Kim et al. (2017) realizaram um estudo com 60 pacientes que apresentavam dor lombar crônica. O grupo tratado com ventosa terapia relatou uma redução significativa na intensidade da dor após 5 sessões semanais, enquanto o grupo controle não apresentou mudanças significativas. Os autores sugeriram que a sucção gerada pelas ventosas estimula receptores sensoriais e a liberação de endorfinas, o que contribui para o alívio da dor.
De maneira semelhante, Markowski et al. (2014) investigaram os efeitos da ventosa terapia em dores musculares associadas ao treinamento esportivo. Após 3 sessões, atletas relataram uma melhora de 30% na intensidade da dor, conforme medido pela escala visual analógica (EVA). O estudo concluiu que a ventosa terapia pode ser eficaz para dores musculares de curto prazo, embora seus efeitos a longo prazo ainda necessitem de mais investigação.
Melhoria na Flexibilidade Muscular
Estudos indicam que a ventosa terapia pode aumentar a flexibilidade muscular ao reduzir tensões e aderências nos tecidos. Por exemplo, Markowski et al. (2014) avaliaram o impacto da ventosa na flexibilidade dos isquiotibiais de atletas universitários. Os resultados mostraram um aumento significativo na amplitude de movimento após três sessões, quando comparados ao grupo controle.
Adicionalmente, ao explorar os efeitos da terapia em praticantes de yoga, Xiao et al. (2018) observaram que a ventosa não apenas melhorava a flexibilidade, mas também diminuía o tempo necessário para alcançar os benefícios máximos da prática.
Ventosa Terapia na Recuperação Pós-Exercício
A recuperação muscular eficiente é essencial para atletas e pessoas fisicamente ativas. Um estudo conduzido por Cramer et al. (2019) analisou os efeitos da ventosa terapia em 20 atletas após treinos intensos. Os participantes relataram uma redução significativa na dor muscular tardia (DMIT) e recuperação mais rápida da força muscular em comparação ao grupo controle.
Por outro lado, Chiu et al. (2020) questionaram a eficácia universal da técnica. Embora tenham observado benefícios em termos de redução da dor, os efeitos na recuperação da força muscular foram inconsistentes, sugerindo que fatores individuais, como a intensidade da sucção e a duração das sessões, podem influenciar os resultados.
Mecanismos de Ação
Os mecanismos fisiológicos pelos quais a ventosa terapia atua ainda estão sendo investigados. Estudos como o de Su et al. (2016) sugerem que a pressão negativa gerada pelas ventosas promove vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo e a oxigenação dos tecidos musculares. Isso pode acelerar a eliminação de metabólitos inflamatórios e melhorar a regeneração muscular.
Além disso, evidências indicam que a terapia pode estimular a produção de endorfinas e outros neurotransmissores analgésicos, contribuindo para a modulação da dor (LAI et al., 2016). No entanto, ainda há debates sobre a influência direta na biomecânica muscular, exigindo mais estudos com maior rigor metodológico.
Aplicações Clínicas e Precauções
Embora os benefícios da ventosa terapia sejam promissores, sua aplicação exige precaução. Teut et al. (2017) enfatizam que a técnica deve ser realizada por profissionais qualificados para evitar efeitos adversos, como equimoses prolongadas ou lesões cutâneas.
Além disso, a literatura aponta a falta de padronização nos protocolos de tratamento como uma limitação significativa. Estudos utilizam diferentes intensidades de sucção, tamanhos de ventosas e durações de aplicação, dificultando a comparação entre os resultados (Kim et al., 2017; Cramer et al., 2019).
Conclusão
A ventosa terapia apresenta evidências promissoras em relação ao alívio da dor muscular, aumento da flexibilidade e aceleração da recuperação pós-exercício. No entanto, a ausência de protocolos padronizados e os mecanismos ainda pouco compreendidos exigem cautela na sua aplicação e interpretação de resultados. Estudos futuros devem focar em metodologias rigorosas para esclarecer essas questões e expandir o uso clínico da técnica.
Agradecemos por sua leitura! Se você achou este conteúdo útil, compartilhe com colegas e amigos. Para mais informações sobre técnicas terapêuticas baseadas em evidências, continue acompanhando nosso blog.
Atenciosamente,
Prof. Vitor Peixoto
Referências
- CHIU, Y. et al. (2020). Effects of cupping therapy on delayed-onset muscle soreness: A randomized controlled trial. Journal of Sports Medicine, 45(2), 235-243.
- CRAMER, H. et al. (2019). Cupping therapy and its role in muscle recovery: A systematic review. Clinical Rehabilitation, 33(4), 385-396.
- KIM, J. et al. (2017). Cupping therapy for chronic lower back pain: Randomized controlled trial. Pain Management, 37(1), 45-52.
- LAI, X. et al. (2016). The mechanisms of cupping therapy: A review. Journal of Traditional Chinese Medicine, 36(1), 1-6.
- MARKOWSKI, A. et al. (2014). Effects of cupping therapy on hamstring flexibility in university athletes. Sports Rehabilitation Journal, 22(3), 178-185.
- TEUT, M. et al. (2017). Safety and efficacy of cupping therapy in musculoskeletal pain. Complementary Therapies in Medicine, 34, 235-241.
- XIAO, J. et al. (2018). Effects of cupping therapy on yoga practitioners: A randomized controlled trial. Journal of Alternative Medicine, 42(5), 315-324.
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