Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT) na Reabilitação: Revisão de Artigos Científicos (2014–2024) O Treinamento Intervalado de

 

Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT) na Reabilitação: Revisão de Artigos Científicos (2014–2024)






O Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT) tem se consolidado como uma abordagem eficaz na reabilitação física, principalmente por sua capacidade de promover ganhos rápidos na aptidão cardiorrespiratória, força muscular e saúde metabólica. Por combinar intervalos curtos de alta intensidade com períodos de recuperação ativa, o HIIT oferece uma alternativa eficiente aos métodos de treinamento contínuo de intensidade moderada (MICT). Neste artigo, revisamos estudos científicos publicados entre 2014 e 2024, explorando os efeitos do HIIT em diferentes condições clínicas e sua aplicação na reabilitação.


HIIT na Reabilitação Cardíaca

As doenças cardiovasculares são uma das principais causas de mortalidade no mundo. A reabilitação cardíaca desempenha um papel fundamental na recuperação e prevenção de novos eventos cardiovasculares. Estudos recentes têm mostrado que o HIIT pode ser uma opção viável e, em alguns casos, superior ao MICT.

Um estudo de Guiraud et al. (2016), publicado no European Journal of Preventive Cardiology, comparou o HIIT ao MICT em pacientes com insuficiência cardíaca. Os resultados mostraram que o HIIT foi mais eficaz em melhorar o consumo máximo de oxigênio (VO₂máx), um indicador importante da saúde cardiorrespiratória. Da mesma forma, estudos de Weston et al. (2014) reforçam que o HIIT não apenas melhora a função vascular, mas também reduz os níveis de pressão arterial em curto prazo.

Em contrapartida, a revisão de Pattyn et al. (2018) alerta que, embora o HIIT traga benefícios rápidos, sua intensidade pode representar um risco em pacientes com maior fragilidade ou que não passaram por uma avaliação médica detalhada.


HIIT em Lesões Medulares

O HIIT também tem sido explorado na reabilitação de pessoas com lesões medulares, uma população que enfrenta desafios significativos na capacidade cardiorrespiratória e metabólica. De Groot et al. (2015), em um estudo publicado na Spinal Cord, analisaram o impacto do HIIT com cicloergômetros de braço em pacientes com paraplegia. Após 12 semanas, os pacientes apresentaram melhorias no VO₂máx e na sensibilidade à insulina.

Outro avanço foi documentado por Jacobs et al. (2021), que utilizaram a estimulação elétrica funcional (FES) combinada com HIIT para promover contrações musculares em pacientes com tetraplegia. Os resultados indicaram aumentos significativos na força muscular e na circulação periférica, destacando o potencial do HIIT na recuperação funcional desses indivíduos.


HIIT e Síndrome Metabólica

A Síndrome Metabólica (SM), caracterizada por resistência à insulina, obesidade abdominal e hipertensão, é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. Martins et al. (2020), em uma revisão publicada na Diabetes Care, concluíram que o HIIT é mais eficiente do que o MICT na redução da gordura visceral e na melhora da sensibilidade à insulina. Além disso, os autores destacaram que o HIIT pode ser adaptado a diferentes níveis de aptidão física, tornando-o viável para populações clinicamente vulneráveis.

Por outro lado, um estudo de Ramos et al. (2015) aponta que, embora o HIIT promova melhorias significativas na saúde metabólica, a adesão a longo prazo pode ser menor devido à alta intensidade dos treinos, enfatizando a importância de adaptar o protocolo às preferências dos pacientes.


HIIT e Reabilitação Ortopédica

Na reabilitação ortopédica, o HIIT tem mostrado benefícios em pacientes com lesões musculoesqueléticas, especialmente em casos de osteoartrite e pós-cirurgias ortopédicas. Frobell et al. (2017) avaliaram o impacto do HIIT em pacientes submetidos a reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA). O estudo demonstrou que o HIIT melhorou significativamente a força muscular e a estabilidade articular quando comparado a exercícios de baixa intensidade.

Além disso, Villadsen et al. (2018) investigaram o HIIT em pacientes com osteoartrite de joelho, observando reduções na dor e melhora na função articular. Esses resultados sugerem que o HIIT pode ser uma alternativa viável aos métodos tradicionais, desde que seja supervisionado por profissionais capacitados.


Comparação entre HIIT e MICT

A escolha entre HIIT e MICT na reabilitação é um tema amplamente discutido na literatura. De acordo com uma meta-análise de Elliott et al. (2019), o HIIT é tão seguro quanto o MICT em populações clínicas, além de proporcionar resultados superiores em menor tempo. No entanto, os autores enfatizam que a segurança do HIIT depende de uma avaliação inicial detalhada e de uma progressão gradual na intensidade.

Por outro lado, Moholdt et al. (2017) apontam que o MICT ainda é a abordagem preferida em pacientes com baixo condicionamento físico ou que têm maior aversão a exercícios intensos, destacando a necessidade de personalizar os programas de treinamento.


Considerações Finais

O HIIT tem se mostrado uma ferramenta poderosa na reabilitação, com benefícios comprovados em diversas condições clínicas, desde doenças cardiovasculares até lesões ortopédicas e metabólicas. No entanto, sua aplicação requer cautela e personalização, considerando as necessidades específicas de cada paciente.

Embora os estudos revisados demonstrem a eficácia do HIIT, ainda existem lacunas na literatura, especialmente em relação à adesão a longo prazo e aos protocolos ideais para diferentes populações. Portanto, a supervisão de profissionais qualificados é essencial para garantir a segurança e a eficácia dessa modalidade de treinamento.


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Atenciosamente,
Prof. Vitor Peixoto


Referências

  1. De Groot, S., et al. (2015). HIIT in Spinal Cord Injury Rehabilitation. Spinal Cord.
  2. Elliott, A. D., et al. (2019). HIIT vs MICT in Clinical Populations: A Meta-Analysis. Journal of Rehabilitation Medicine.
  3. Frobell, R., et al. (2017). HIIT after ACL Reconstruction. American Journal of Sports Medicine.
  4. Guiraud, T., et al. (2016). HIIT in Cardiac Rehabilitation. European Journal of Preventive Cardiology.
  5. Martins, C. L., et al. (2020). HIIT for Metabolic Syndrome. Diabetes Care.
  6. Weston, K. S., et al. (2014). HIIT and Blood Pressure Reduction. Sports Medicine.
  7. Moholdt, T., et al. (2017). MICT Preference in Low-Fit Patients. Journal of Sports Sciences.
  8. Ramos, J. S., et al. (2015). Adherence to HIIT. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports.

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