Fratura de Clavícula: Conceito e Protocolo de Tratamento Fisioterapêutico
Fratura de Clavícula: Conceito e Protocolo de Tratamento Fisioterapêutico
A fratura de clavícula é uma lesão comum, especialmente em esportistas e em situações de quedas diretas sobre o ombro ou com o braço estendido. Este artigo vai detalhar o conceito, as causas mais frequentes, e, principalmente, o papel da fisioterapia no tratamento dessa condição, com um protocolo claro e eficiente que guia a recuperação funcional do paciente.
O que é a Fratura de Clavícula?
A clavícula é um osso longo em forma de “S” que conecta o esterno ao ombro, desempenhando um papel crucial na estabilidade e mobilidade da cintura escapular. Quando ocorre uma fratura, pode ser resultado de:
- Trauma direto: como quedas sobre o ombro ou acidentes automobilísticos.
- Forças indiretas: como quedas sobre a mão ou braço estendido.
- Esportes de contato: como futebol, ciclismo ou artes marciais.
As fraturas de clavícula geralmente são classificadas em três tipos:
- Terço medial (menos comum).
- Terço médio (mais comum, cerca de 80% dos casos).
- Terço lateral (associada a luxações acromioclaviculares).
Os sintomas típicos incluem dor intensa, deformidade visível, inchaço e dificuldade em movimentar o braço.
O Papel da Fisioterapia no Tratamento de Fratura de Clavícula
O tratamento da fratura de clavícula pode ser conservador (não cirúrgico) ou cirúrgico, dependendo da gravidade. Em ambos os casos, a fisioterapia é essencial para restaurar a funcionalidade, prevenir sequelas e devolver ao paciente sua qualidade de vida.
Abaixo, apresentamos um protocolo detalhado, dividido por fases, para o manejo fisioterapêutico da fratura de clavícula.
Fase 1: Imobilização e Controle da Dor (Semanas 1 a 3)
Nesta etapa, o paciente geralmente está utilizando uma tipoia ou imobilizador para estabilizar a fratura.
Objetivos:
- Reduzir a dor e a inflamação.
- Prevenir rigidez articular e atrofia muscular.
Intervenções:
- Crioterapia (compressas frias) para controle da dor e edema.
- Exercícios de mobilização passiva para os dedos, punho e cotovelo.
- Orientação postural para evitar sobrecarga na região cervical e torácica.
Fase 2: Recuperação de Amplitude de Movimento (Semanas 3 a 6)
Com a consolidação inicial do osso, é permitido iniciar movimentos mais amplos e controlados.
Objetivos:
- Recuperar gradualmente a amplitude de movimento (ADM) do ombro.
- Melhorar a circulação e evitar aderências.
Intervenções:
- Mobilizações articulares passivas e ativas assistidas (flexão, abdução e rotação externa do ombro).
- Exercícios de alongamento leves para trapézio, deltóide e peitoral.
- Técnicas de liberação miofascial para reduzir tensões musculares.
Fase 3: Fortalecimento Muscular (Semanas 6 a 12)
Com a fratura consolidada, o foco se volta para o fortalecimento muscular.
Objetivos:
- Restaurar a força dos músculos do ombro e cintura escapular.
- Melhorar a estabilidade articular.
Intervenções:
- Exercícios isotônicos com resistência leve para deltoides, trapézio e peitoral.
- Reforço dos estabilizadores escapulares (romboides e serrátil anterior).
- Introdução de faixas elásticas e pesos leves para progressão de carga.
Fase 4: Retorno à Funcionalidade e Atividades Esportivas (Após 12 Semanas)
Nesta fase, o objetivo é preparar o paciente para retornar às atividades do dia a dia e, se necessário, ao esporte.
Objetivos:
- Recuperar a funcionalidade completa do membro superior.
- Melhorar a propriocepção e a coordenação.
Intervenções:
- Exercícios pliométricos para retorno ao esporte, como arremessos controlados.
- Treinamento funcional para movimentos específicos da rotina do paciente.
- Avaliação e correção de padrões de movimento para evitar recidivas.
A Importância de Um Tratamento Personalizado
Embora o protocolo acima seja uma diretriz, cada paciente deve ser avaliado individualmente para que o tratamento seja ajustado às suas necessidades específicas. Fatores como idade, nível de atividade e tipo de fratura são determinantes para a definição da abordagem.
Além disso, a fisioterapia não só auxilia na recuperação física, mas também desempenha um papel fundamental no apoio emocional do paciente, que muitas vezes lida com ansiedade ou medo de não recuperar plenamente a funcionalidade.
Conclusão
A fratura de clavícula pode parecer uma lesão simples, mas requer atenção especializada para evitar complicações e garantir uma recuperação completa. A fisioterapia é indispensável nesse processo, oferecendo técnicas e protocolos que devolvem ao paciente sua mobilidade e qualidade de vida.
Se você ou alguém próximo passou por essa condição, procure orientação de um fisioterapeuta qualificado. O cuidado adequado faz toda a diferença.
Assinado: Prof. Vitor Peixoto
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